21 de julho de 2012

Novamente os sonhos


Meu doce platonismo me acorda às 4 da manhã, e ainda assim com um sorriso no rosto, mesmo diante de um estranho pesadelo, repleto de fatos surreais como um quadro de Dali. Mas o que importa? As cenas perturbadoras, os fatos extraordinários muito além da imaginação ou os lábios dela? Ainda estou com o sorriso no rosto.


Meus sonhos, às vezes, são tão vivos que me levanto com a sensação de que realmente aconteceram. Visões de uma realidade paralela ou a força do desejo pregando peças em minha mente? Consigo ainda sentir o calor da pele macia que a pouco envolvia meu corpo como se me quisesse de verdade.

Na realidade nos desejávamos, mas nunca chegamos às vias da amorosidade. Uma sucessão de destemperos e má sorte fizeram com o que o beijo certo fosse perdido e a hora imprópria para este mesmo beijo lamentada. O beijo nunca aconteceu. Mas no meu sonho ele sempre acontece; e posso experimentar o que poderia ter sido e não foi. Ainda sinto o gosto dela na minha boca.

Fazíamos algo errado no meu sonho. Era um beijo de Capitu... mas intenso, saboroso, com o gosto do pecado. Um beijo de emoção, rompendo leis. Sabíamos que era errado, mas nossas vontades gritavam por elas, não ouviam a consciência. Nós nos queríamos; só isso nos importava. Olhos, corpos, peles, lábios. Entregávamos a sanidade ao amor, ao sexo, ao embate entre a razão e o pecado. E era bom.

Ao saltar da cama completamente frustrado, pensei em estar ao lado dela. Quis estar ao lado dela, precisava estar ao lado dela. Agora que as impressões do meu delírio vão aos poucos me deixando, desaparecendo como a névoa se esvai e o coração desacelera, já não me restam ilusões e não me sobra muito dela. Fico então com a realidade, a cama vazia, o corpo frio e o lábio ressecado. Ela é só uma fantasia onírica que às vezes vem mexer com o meu mundo ordinário. 


Alberto da Cruz

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