
Vejamos o que a madrugada me trará enquanto rolo na cama sentindo o vazio no travesseiro ao lado.
Alberto da Cruz
Acabado o trabalho inicial do novo romance, despeço-me da parte prazerosa de compor um texto. Agora a segunda etapa está prestes a começar e, confesso, não gosto muito dela. Escrever é um hábito incrivelmente gostoso, enebriante, mas revisar tudo o que foi escrito é cansativo e chato. Aparar as arestas, cortar o desnecessário, reduzir o número de páginas, refazer diálogos, incrementar cenas, retirar cenas — como é difícil! — mas tem de ser feito.
Se pudesse, começaria agora a revisão textual, entretanto tenho que dar conta de outras obrigações. Chega o final do ano letivo e aumentam as folhas sobre minha mesa. É tempo de elaborar, aplicar, corrigir um sem-número de provas e redações dos meus queridos, às vezes nem tão queridos assim, alunos. O último bimestre passa voando, nem tive tempo para respirar e já estamos às voltas com mais uma temporada de horrores — num sentindo mais brando.
Porém não estou de mãos atadas unicamente pelas obrigações. Minha mente está um pouco dispersa. Falta-me concentração. Tive a comprovação depois do longo período que levei para ler as últimas páginas de “Nas tuas mãos”, de Inês Pedrosa. Agora estou com “Cal”, de José Luís Peixoto, às mãos, esperando a hora certa para ler. Penso em deixar as minhas tão esperadas férias chegarem para me dar à leitura de tão aguardada obra, mas também tenho avidez para ler “As Memórias do Livro”, de Geraldine Brooks. Sem querer levantar comparações, tenciono entregar-me a este, uma vez que a leitura de Best Sellers é muito fácil e desgastante do que a profundidade de José Luís, um dos melhores escritores contemporâneos. Enquanto não me decido, sigo a ler crônicas de Nelson Rodrigues aleatoriamente, apenas para não perder o hábito literário.
Este texto chegou ao fim. Já é um bom começo, embora muito aquém dos meus escritos habituais.
Um grande abraço aos amigos.
Estou de volta!