11 de agosto de 2012

My Soul

Quando comecei a pedalar, e não faz muito tempo, foi numa Rainbow full-suspension que herdei do erro de uma loja. Depois de ter ficado meses dentro da caixa, montei-a sem que eu nunca tivesse rosqueado um parafuso de bicicleta. Deu certo, até porque essas bicicletas já vêm “reguladas” de fábrica. As linhas eram muito bonitas, robusta, elegante, pesada e ruim, como todas essas bicicletas de “supermercado”. Montada, calibrei os pneus, dei uma volta na minha rua e a guardei na garagem por dois anos, ou mais. Sedentarismo, preguiça, medo, falta de companhia, não sei, talvez tudo isso e mais um pouco. Confesso que o trambolho na garagem era um ótimo acumulador de poeira e só atrapalhava. Pensei em vendê-la e fazer um trocado, já que não gastei um centavo com ela, mas sempre dizia para todo mundo que iria pedalar, mas nunca montava no selim. Quando finalmente resolvi pôr as correntes em movimento, não tive escolha a não ser passar na bicicletaria e sanar os problemas do descaso. Tudo pronto e regulado, ainda enrolei uns meses para começar a me divertir.
 
Percebi, pouco depois, que uma bicicleta bonita e barata é uma bicicleta bonita e ruim. Quando ouvi uma conversa dos mecânicos sobre preços de bicicleta, achei aquilo loucura. Onde já se viu uma bicicleta custar mais do que um carro! Pagar mil, dois mil reais em uma bike era um luxo para quem tem dinheiro sobrando. Pagar mais de dez mil, para mim, já era mais do que loucura. Mas, na prática, percebemos que os componentes fazem a diferença e que aço carbono é pesado demais. Nada funcionava direito, as marchas estalavam, não entravam; a pedivela pegava no quadro; era uma tormenta. Certa feita o dono da bicicletaria fez um comentário sobre a minha lindíssima full e foi o bastante para que resolvesse mudar de bicicleta. Não dava mais.
 
Na infância, as propagandas de bicicleta enchiam os olhos com o famoso slogan: “não esqueça minha Caloi”. Logo, se fosse para trocar, seria por uma Caloi. Desde pequeno, quando parei de cair da Ceci de uma prima e me aventurar numa aspen do meu primo, quis ter uma Caloi, mas nunca tive. A nova companheira seria uma Caloi. Para não jogar dinheiro fora começando algo que talvez não levasse adiante, escolhi um modelo bonito, com suspensão dianteira e de... aço carbono. Não que esteja reclamando, mas a Andes cumpriu o seu papel, levando-me para todos os lugares que quis ir, para o mato, para a estrada, para a areia. Com o tempo, vamos descobrindo as coisas, nos aprofundando no assunto e conhecendo melhor a utilidade de cada componente. Sabia, quando comprei a Andes, que não seria por muito tempo, caso realmente pegasse o gosto, só não imaginava que o tempo fosse ser tão curto. E aquelas bicicletas de mil, dois mil reais já estariam na minha lista de favoritos como compra futura, assim como as de mais de dez mil reais, um sonho.
 
Pouco dinheiro e muita vontade, pesquisei, namorei, desejei variados modelos que atendessem ao que queria. Nada profissional, mas um modelo mais moderno, com linhas atuais e um bom conjunto, uma vez que sou entusiasta e ainda iniciando no esporte. As dúvidas surgiam a cada modelo: v-brake ou a disco; disco mecânico ou hidráulico; quantas marchas; qual grupo; qual marca; quanto poderei gastar? Cansado de tanto procurar, encontrei uma Reebok Trakker em promoção. Bonita, no meu tamanho, grupo básico da shimano... Estava quase convencido de que encontrei minha nova companheira de aventuras, mas ainda havia dúvidas, principalmente por ter como maior marketing a tecnologia dos adesivos. Adesivos?
 
Pesquisando num fórum confiável, o mesmo que me fez pensar em uma Canadian, esbarrei numa comparação entre a Reebok e a Soul Cycles. Já havia visto bicicletas Soul em vários sites, achei-as bonitas, mas não conhecia a marca. E voltamos às nossas buscas nos mecanismos de pesquisa. Li, reli, assisti e me apaixonei pela marca nacional. Não hesitei mais nenhum minuto. Minha próxima bicicleta seria uma Soul. Inicialmente o plano era para o fim do ano ou início do próximo, afinal a Caloi ainda tinha muito a oferecer, mas não consegui. Queria uma SL imediatamente. Acabei finalizando a compra de uma SL70, modelo básico, já que sou iniciante. Não havia motivos para gastar mais do que o necessário. Estava satisfeito, mas já pensando em melhorias futuras.
 
Ao chegar em casa, depois de muita espera, encontrei a caixa da soul Cycles em minha sala. Parecia uma criança abrindo o presente de natal. Feliz era pouco. Ao vê-la de perto, pessoalmente a satisfação foi muito maior do que o previsto. A bicicleta é linda, macia, confortável, ágil e o melhor de tudo: leve. Nada de aço, tudo de alumínio.
 
Não vejo a hora de encarar os novos pedais, de me sentir livre, de respirar o bom ar da natureza, enfiar as rodas na lama, atravessar os rios, queimar o asfalto e ser feliz com minha nova companheira.
 
Para o final do ano, já passei na bikeshop e orcei as melhorias... A vida em duas rodas virou um vício, um estilo gostoso de vida.
 

Alberto da Cruz

2 comentários:

Unknown disse...

quero comprar uma soul gostei do seu post porem vc não disse se passado algum tempo ainda está gostando da soul .... gostaria de saber ... abraços

Alberto da Cruz disse...

Wagner, gostei muito da Soul. Fiz alguns ups nela, trocando o grupo para o Shimano Acera e a suspensão para SR Suntuor XCT, de 10mm, com trava. Está suprindo bem minhas necessidades e valeu a pena cada centavo investido. Ela é hoje uma SL 200, com o grafismo de SL 70.